O GOAL É O NOSSO VOTO

Será a Copa do Mundo a nossa gripe suína da vez? Algumas instituições previdentes preveniram-se contra a intempérie do momento para todos aqueles que dependem de horas marcadas, que atendem em horário comercial, que têm uma vida profissional em momento decisivo, cuja contribuição de tal evento, por maior prominência que tenha, será pouca ou nula.

Um acidente acontece na porta do serviço. Um carro atropela um motoqueiro e lhe arruína uma das pernas a alguns minutos do início de uma das fatídicas partidas. Uma artificial hora do rush estabelece-se fora de temporada como revoada de aves confusas por um repentino eclipse ao meio-dia. Compram-se TVs. Mata-se o expediente. Integram-se brasileiros de diferentes classes ao mesmo ócio.

Finalmente, anestesiados pelas semanas catárticas, passamos a refletir sobre quais serão nossos próximos governantes. Agenda puxada num ano de tanto gasto de energia. Nos sobrará talvez um pouco de alma e de senso para fazer tal julgamento? Não seria talvez conveniente estabelecer tal evento num momento um tanto quanto intermediário, entre tais arroubos de patriotismo sem significado, que criam símbolos ilusórios de identidade nacional, que nada têm a ver com o que realmente se passa nas nossas vidas entre um e outro pontapé inicial?

ALTERNATIVAS PARA A COPA DO MUNDO

Hoje não quis pensar na copa. Pensei. Aproveitei para fazer um mercado, um pouco de Yoga, meditação, alongamento e faxina, na folga que ganhei por causa do jogo. Pensei de novo, e nos três gols da partida os rojões estavam lá como lembrete.

Lembrei de quando era garoto e ganhei um álbum de figurinhas dos jogadores da copa. Aquilo me aproximou do futebol. Tantos retratos diferentes de homens de diferentes raças, nacionalidades, etnias. Meu pai gostava de me ver interessado por aquelas coisas de meninos, mas quem realmente compartilhava bons momentos na apreciação de tal brinquedo era a minha tia. Quando ela ia em casa, sentávamos nos sofá e eu mostrava meu álbum quase completo, perguntando qual deles ela achava o mais bonito, ao que ela respondia com muita naturalidade, dando-me as primeiras noções de como o gosto é uma coisa de cada um.

Como todo bom brasileiro, eu acompanho a atenção do meu povo, e estou espiritualmente com os jogadores no campo. O plano do corpo físico e o interior do vestiário fica para a fantasia.

QUIZ DA PARADA GAY DE BADY BASSIT

O fervo se espalha pelos umbrais mais remotos da alta noroeste e atinge as comunidades mais pacíficas da nossa região. As bichas desovam de Santa Luzia na rodovia sedentas de agito e de auto-afirmação. A marcha caminhou apressada pela cidade e despistou as mais enroladas na preparação psicológica para a grande celebração da diversidade dos arrebaldes mais próximos a São José do Rio Preto. Butterfly Village se rende ao pink e ao glíter do que urge o mundo e enche de paetês as vielas de chão batido e areia grossa para que público vá ao delírio ao som de "olhe a onda" e "macho man". Foi dada a largarda para mais uma Parada do Orgulho Gay de Bady Bassit.

1 - PARA QUÊ SAIR DE SEU CONFORTO DOMINICAL ATÉ A PARADA GAY DE BADY?

A - Para celebrar a diversidade e o seu reconhecimento em todas as paragens desse meu Brasil varonil!
B - Porque eu já cansei do Rio Preto Shopping Center.
C - Porque a televisão me deixou burro muito burro demais.

2 - QUE TIPO DE ENCONTRO VOCÊ ESPERA TRAVAR EM TAL FESTA?

A - Contato imediato de terceiro grau com o alienígena de Monte Aprazível.
B - Um esbarrão amistoso em algum improvável colega de trabalho.
C - Modelos potenciais para algum show de atrações exóticas e outras aberrações.

3 - PELO QUE VOCÊ NÃO ESPERA DEFINITIVAMENTE AO IR À FESTA DE BADY?

A - Achar alguém que conferiu a mesma liquidação onde você comprou aquela camiseta que você jurava que ninguém tinha igual.
B - Deparar-se com o ex beijando um bofe escândalo!
C - Dar-se conta de que você não está numa festa a fantasia, como aquele sacana do seu colega jurou que era o lugar para onde iam.

4 - O QUE É MAIS UÓ NA FESTA DE BADY?

A - O aspecto estético geral da fauna local.
B - O repertório sem rumo da festa, sem definição entre o axé e o drag music.
C - Sentir que o hot dog não bateu bem e você vai precisar do banheiro para o n. 2

5 - QUAL É A VANTAGEM DE IR A UMA FESTA TÃO REMOTA?

A - Ninguém conhece a gente.

B - Sempre tem um ponto que eles não deram conta de monitorar.

C - Queimar o filme tem sempre uma chance de abafamento do caso.

Ne me quitte pas, com Beyoncé

Foi nos lábios da nossa querida amiga Beyoncé, que a gente lambrecou esta acarajética versão de uma das mais esgotescas fossas do cancioneiro romântico mundial, na voz de Maria Gadú, implorando literalmente e no mesmo tom, para que você, nosso fiel leitor, continue por aí, não nos abandone, mesmo diante desses bloqueios inaceitáveis de mais de um mês, em que não publicamos uma linha, um pixel sequer, continuaremos com você. Você não perde por nos esperar, não nos deixe.