domingo, 30 de outubro de 2011

A PARADA GAY DA ABIGAIL ROSSELINE

Na Parada Gay da Abigail Rosseline, a trava que resolver fazer top less vai levar bronca no microfone. Afinal de contas, para tudo há um limite e os bons costumes ditam que você não lance suas tetas pela avenida, não importa o quanto elas tenham te custado, não importa o quanto você se orgulhe delas.

Tal controle só foi possível porque realmente não havia assim tanto público para vigiar. Embora não tivesse reunido um quarto do que normalmente comparece a uma parada gay por essas bandas, só o fato de ter conseguido mais viaturas, e até mesmo mais trios elétricos do que precisava, deixou o GADA com a cara na poeira vendo a Parada da Abigail Rosseline passar Andaló afora, sem que nenhuma enchente relâmpago tenha varrido todos até as obras da Philadelpho.

Mesmo sem garantir que toda essa polêmica e modesta vitória lhe garanta os votos com que ainda contará, a presença de lideranças com a coragem da realizadora desta parada serve para fazer com que as maricas se movam, não para ficar repetindo a que vieram, mas justificar o porquê de permanecerem onde estão. A concorrência fará bem a quem já está preparando o figurino centavo a centavo para sair na avenida Alberto Andaló celebrar a nossa diversidade, livres com nossas tetas de fora, sem essa repartição e politicagem que move a coisa toda.

O nosso ídolo Mansil estava lá, e o movimento a Parada é Nossa garantiu a visibilidade que mereceu por tudo o que teve de se virar nos 30 para não deixar 2011 em branco no que diz respeito a dar um grito de orgulho pelo que somos, por tudo o que a gente tem de se fazer ser para se sentir dentro de uma sociedade que consegue muitas vezes ser bem cruel. A noite seguiu adiante no bar e na boate. Mas essas maricas aqui trabalham e por ora, dormiremos. Beijo.

sábado, 29 de outubro de 2011

BALADA DE HALLOWEEN


Foi no meio da muvuca de Halloween Teen, cada vez mais na moda na cidade, que a gente conseguiu aquendar algumas breves palavras do Globalíssimo Bruno Gissoni. Assim como nós, o DJ da Malhação também estava trazendo um acessório de Halloween, seu fone de ouvido, com o qual ele deu uma palhinha na mesa de som no melhor estilo Jesus Luz no Altas Horas, aqui com ela ligada e já belamente pilotada pelo DJ Junior, do ZZT. A Balada do CCAA Just Kids chacoalhou os esqueletos desses pequenos por várias horas, servidos de gulosemas tenebrosas, num ambiente macabramente familiar. Senhas para foto, gente, tem dele para todo mundo. O Halloween continua pelos próximos dias, aguarde cenas dos próximos capítulos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ME CUTUCA

Me deu uma coceira nos últimos dias. Vontade de tomar umas cutucadas no facebook. Nunca cutuquei uma pessoa sequer na ferramenta. Sempre achei inúteis os botões de cutucar ou sacudir, porque eles nada dizem. Há muito pouco de humano em ver num canto da sua página inicial que alguém cutucou você. Mesmo assim, aos poucos, a gente vai entendendo as pequenas demandas que se insinuam em cada cutucada, ao ponto que elas, de certa forma, servem para elencar quem está carente de uma resposta adequada da sua parte. Ainda assim, mantenho a elegância de não cutucar nenhum outro perfil.

Acontece que num segundo de ócio, postei que eu me sentia um queijo suíço de tantas cutucadas que levava, como se realmente fossem tantas assim. Meus amigos hoje estão muito mais ocupados imaginando o que tantas cutucadas desconhecidas significam. No meu caso, o espirituoso protesto no facebook me rendeu todos os cutucões, que eu nunca tinha levado, de quem nunca havia me cutucado antes, apenas curtido meus comentários e links. Senti um pouco do conforto que a notificação de alguém curtindo algo meu já estava me proporcionando, mas a artificialidade de todos esses botões padronizados permanece, como quando, num desabafo de algo ruim que você esteja sentindo compartilhado no face, ou de algo catastrófico que as pessoas tomem conhecimento de você, pela sua própria disposição de ficar contando, você acaba se deparando com uma série de dúbias curtições: será que o botão foi usado por simpatia à nossa dor, ou o nosso pesar parece realmente ser curtido por alguém, entretendo-o de certa forma?

Não é para isso que a coisa serve? Tirando todo o potencial corporativo, institucional, mobilizador que as mídias sociais carregam consigo, do que não passam para a maioria dos seres viventes do que mera fofoca on-line? Uma fonte inesgotável de mal-entendidos, como toda linguagem, um risco para a segurança pessoal e patrimonial de quem se expõe de forma inconseqüente, um veículo de assédio, bullying, difamação e calúnia, como todos os meios de comunicação são potencialmente; como todos os humanos são potencialmente monstros, conforme comunguem o que trazem no íntimo; como cada cidadão se converte em líder, conforme tenha adesão aos seus pleitos; como cada pessoa se transpõe em anjo, conforme faça de suas palavras instrumento de algo divino.

Assim é que nadamos conforme a correnteza de forma aconchegante junto à massa de quem dependemos para a vida em sociedade, por mais que você não tenha 228 amigos, por mais que ninguém lhe responda o “bom dia” escrito da mesma forma que o “bom dia” falado, por mais que quem curte seus links nem sempre os lê ou os vê ou os entende. Algo restará de nossa presença física quando seu computador der pau, quando seu dispositivo móvel for roubado, quando a banda larga mundial entrar em colapso e você precisar inevitavelmente remover suas nádegas da frente do computador para conseguir o que deseja. As coisas não eram assim antes e não serão assim amanhã, portanto se cutuque, para o bem de quem você realmente é, e não deixe de twittar para sempre em sua mente o porquê de você ser quem você é neste mundo que ainda não está totalmente digitalizado em sua indigitalizável complexidade.

texto gentilmente concebido para a revista andradinense FALA, de outubro

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

YES! - NÓS TEMOS PARADA


Quem não está acreditando e pretende ir lá para crer vai certamente engrossar o movimento "A Parada É Nossa", encabeçado por uma de nossas mais inéditas candidatas a vereadora Abigail Rosselini, que após um embate de alguns meses com o GADA, que parece ter cansado um pouco de fazer o evento todo o ano, decidiu fazer a coisa acontecer sem a bênção dos caciques do terceiro setor LGBT. Para isso, contando com as mídias sociais, polêmica e uma boa dose de oportunismo, o movimento vem levantando um trio elétrico aqui, uma camiseta ali, um participante acolá, sempre com o discurso de que todas essas coisas que eles estão rebolando para conseguir (trio, música, alvará, abadá) não são necessárias. É a própria ativista em seu site que diz que tudo irá muito mais além do que simplesmente beijar na boca e beber. Trata-se de uma atitude tão diversa em comportamento que tem potencial para receber apoio da comunidade evangélica. Mesmo com a obrigação cívica de falar sério, votos de pobreza feito pela organização e a grande possibilidade de não passar de uma modesta perturbação da ordem em que os envolvidos acabarão se divertindo muito pouco, não deixaremos de prestigiar a ocasião que marca o nascimento desta página de promoção da diversidade, da expressão do nosso pensamento crítico e contato com você. Saiba mais sobre o movimento aquendando o blog deles. A PARADA É NOSSA. A Praça, fica no SBT, e é outro programa de humor. Não deixe de levar o seu guarda-chuva, continuaremos, a exemplo de Baddy, chovendo na sua parada.

domingo, 2 de outubro de 2011

ALMA LAVADA NA TERCEIRA PARADA DE BADDY BASSIT

Ao contrário da primeira data que estava marcada nos sites oficiais, e que nos fez perder a viagem no meio da pracinha da Vila Borboleta, hoje a Parada de Baddy Bassit aconteceu mesmo. Pelo menos começou. Não nos encharcamos atrás do trio porque não havia teto para todo mundo lá no recinto. Parte do público também se dispersou em meio a tempestade que começou assim que o trio elétrico chegou ao local da festa, que iria até altas horas. Voltamos bem cedo.

Assim disse o GADA, choverá no dia da Parada. Aqui não foi diferente, não se sabe quem choveu na parada de quem. Abigail já nos disse que na Parada de Rio Preto chuviscou e ninguém derreteu. Derreter, não derreteu, mas a dispersão foi grande. Aqui na foto vemos como ela não tomou uma gota dessa chuva.

Ainda assim, a imagem da Parada acontecendo num lugar como Baddy Bassit ainda tem uma surrealidade que vale a pena você conferir. Quem falava ao microfone se dirigia primeiro a Rio Preto do que a Baddy. Esperança de consolo para quem se preparava para uma super parada na Andaló. Por enquanto, não haverá trio elétrico, não duvido que arrumem um. Assim como o trio, o beijo na boca não é a essência da parada. A essência é a visibilidade, a mobilização. Exercício que volta a ser praticado da estaca zero depois que a cena gay resolveu se fragmentar pela disputa política e demagogia generalizada.
A Parada de Baddy Bassit não foi por água abaixo. Ao menos ela prova que, sim, é possível levar a galera para a rua e dar esse anual lembrete à sociedade em geral de que existimos, queremos e merecemos respeito, por mais que ainda tenhamos problemas em nos respeitarmos a nós mesmos, seja calando, escondendo, negando e disfarçando, seja bagunçando a coisa toda. Seja justificando a falta de vontade política com uma série de desculpas esfarrapadas, seja sem a capacidade de negociação séria e articulação política desinteressada, preocupada com o interesse do povo e realização conjunta, sobre a individual. Rio Preto ainda é muito mais gay-friendly do que muitos outros lugares do país. Basta uma pequena dose de arrogância e teimosia para fazer voltar para trás tudo aquilo que até o momento foi conquistado. Para uns, continua a luta. Para outros menos, permanece o sonho de uma conjunta edificação.