segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

AQUÁRIO SEM PEIXES

Nos beneficiamos do providencial atraso para chegar em cima da hora e encontrar alguns lugares disponíveis desta vez. A semana é definitivamente uma boa pedida se seu quesito for conforto. No palco, três atores, duas cadeiras, um balde, uma estante e muitos, mas muitos, mas muitos bichos de pelúcia mesmo, como em coro diriam nesta e em outra peça que já vimos aqui.
A Mulher que Matou os Peixes do Poleiro dos Anjos é uma espécie de jogral, em que seus participantes giram e se debatem em busca da criança que o conto de Clarice Lispector evoca, ou da pessoa grande que se comove diante das recordações de seu bichinho de estimação, mesmo que ainda seguro e confortável no achonchego de nosso lar, esperando-nos pacientemente chegar do teatro para um potinho de Wyskas - pensem naquelas centenas de gatinhos abandonados na Represa Municipal, carentes do nosso bem-querer.
Carentes de infantilidade ainda estavam os atores da peça, que após uma jornada ativa pelas estradas do prestígio, ainda não conseguiram atingir a fofura dos adereços com que contracenam nem da forma como o texto soa para quem o lê. O riso é garimpado na base de trejeitos e obtido onde não é necessário, se necessário. A Mulher que Matou os Peixes é uma estória para crianças e adultos, para crianças-adultas e adultos-crianças. A dinamicidade da direção, a exploração dos elementos cênicos, a trilha sonora de bom gosto desequilibram um palco em que os atores não tem peso. Sentimos a falta do Ricardo Matioli na mesa de iluminação.

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