sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

MORDENDO A FRONHA

Hoje fizemos uma longa jornada até a escola Ruy Nazareth, no Jaguaré, periferia de Rio Preto, para ver o teatro do Janeiro Brasileiro de Comédia ir aonde o povo está. Testemunhamos uma porção de lugares vagos, além de cadeiras excedentes sequer desempilhadas. AS CAIXAS, AS TROUXAS E A FRONHA, do Grupo Cara de Anjo, de Brasília, foi assistida hoje por uma platéia de aproximadamente trinta pessoas. Uma pena se você pensar na estrutura que se move até essas paragens e no quanto ela custa, principalmente se considerarmos que uma boa fatia da pequena platéia era de gente como nós, que já nos enfileiramos em frente ao Municipal, Swift, Nelson Castro, SESC, e que desta vez nos aventuramos no google maps tentando encontrar tal endereço a tempo de não nos atrasarmos. Tivemos sorte, nem os quinze minutos usados para esperar que mais gente chegasse funcionaram. A distância que separa os espetáculos do Janeiro, do FIT, deste público para o qual a Prefeitura direciona esses espetáculos é mais do que geográfica e será estreitada por ações que envolvem outros departamentos, além do de cultura.

E então, conhecemos a Fronha. Impressiona o talento em fazer a trilha do seu espetáculo com a voz, com a canção folclórica e com a interação do público, a forma como cada um de nós consegue se sentir visto, cuidado por olhos presentes, apaixonados, como os que cantaram para o voluntário da platéia. Nós torcemos pela chave da casinha, rimos, ao menos por algum tempo. Isso consegue quem pratica esse tipo de doação no ambulatório, onde por mais que não seja absolutamente voluntário, o dinheiro deve ser apenas parte do que realmente é a paga. E nós até dançamos ciranda com a Fronha. Decepciona o ritmo, sentir que as piadas estavam distribuídas, mas não estavam compartilhadas e que a artista esforçava-se em buscar esse ponto em comum, sem encontrá-lo, sobretudo no contexto extremamente artificial em que se encontrava. Fico sentido da Fronha não ter tido a oportunidade de receber mais do grande calor que tem o público daqui. Se em janeiro de 2012 o mundo não tiver se acabado eu gostaria mesmo de ver a trupe toda dela junta fazendo música, que mostrou-se ser o forte de seu trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escreva a sua resposta, se possível justifique.