Os Irmãos Brothers aterrissam em São José do Rio Preto com o perfil dinâmico e superexcitado que temos de sua direção na mídia, além de um espetáculo composto de uma trilha que achamos o maior barato, e uma inclinação para o circo talvez maior do que para a própria comédia, ou para o próprio teatro. Nesta altura do Janeiro Brasileiro da Comédia, onde o público se farta de todas as linguagens e possibilidades, é como se, no rodízio, a imagem do sangue começasse a perder aquela obscenidade convidadiva e apetitosa para dar lugar a uma repugnância nauseabunda e tétrica. O momento, mais do que o trabalho, causa tais sentimentos.
Eles fizeram um pouco de malabarismo, um pouco de acrobacias, um pouco de dança, um pouco de teatro. Vamos abrir um parêntese para a contorcionista que fez muito contorcionismo, a ponto de surpreender e tornar-se dramático em alguns quadros. Talvez não seja exatamente pouco e teve um mérito em termos de entretenimento, mas ocupou de forma tímida o espaço tão recentemente demarcado de forma tão contundente. Havia, nalguns lapsos dos números, uma impressão de cansaço, um tremor inseguro, uma amarelidão no sorriso, que os braços estendidos em V ao final do número, por meio da platéia letrada, convertiam em aplausos.
A fila do Janeiro Brasileiro de Comédia é um desafio, o ingresso nem sempre é certo. As oficinas são doses homeopáticas de informação para as almas mais dispostas, que definitivamente não fazem parte daquela chamada "classe teatral" rio-pretense, mas todas essas vivências são oportunidades ímpares de atualizar-se em comédia, renovar-se em produzir riso de forma consciente e profissional. Seria muito bom que esses grupos que participam do JBC pudessem, além de exibir-se, comungar, interagir, debater teatro, não só com os nossos mediadores ou com a platéia daqui, mas entre si também. Seria uma experiência restauradora para muitos de nós. Nunca estive mais construtiva. Não percam a de amanhã.
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