terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PAPAI E MAMÃE

Está difícil arrumar companhia para assistir ao Teatro de R$ 1,99 em Rio Preto. Todo mundo que você convida diz que já viu a peça. Nós também já havíamos visto a estréia no SESC de Marcelo Marmelo Martelo da, como diria Cleycianne, ungida Cia Azul Celeste, de modo que continuamos seguindo a linha comparativa que a repetitividade da programação nos possibilita:
Com muita satisfação deparamo-nos com o mesmo ator no papel de Marcelo, colírio do teatro rio-pretense, domando uma monumental platéia composta de crianças dos mais variados períodos de desenvolvimento, com mães em diferentes estágios de evolução, teatro completamente lotado, platéia acomodando-se aos quinze do primeiro tempo, usando a arma mais mortífera contra o caos de uma sessão pipoca de terça à tarde: o sensacional texto de Ruth Rocha, seu léxico, sua reflexão sobre a arbitrariedade do signo lingüístico de forma lúdica, para ser refletida aos oito anos de idade, executados com o time de quem compreendeu o senso de humor do público infantil. Defendemos a tese de que só a prática consciente desenvolve tais virtudes e esperamos que seja assim.
Mas para nós que já estávamos tão acostumados às figuras da Reni e do Aranha, resta-nos dar as boas vindas aos novos papai e mamãe e fazer votos que na nova estrada que talvez os aguarde possam beber dessa mesma fonte, mesmo não tendo a mesma oportunidade de iniciar na empreitada sob os olhares elogiosos e ao mesmo tempo frios dos que comparecem à uma estréia, que pegam o bonde andando, mas dão conta do recado. Afinal de contas, as tramas dos fios que fazem a capa de uma almofada em que se senta várias vezes não têm a mesma simetria que se espera de uma tela de projeção lisa, reta e plana, que se pretende usar por muitas e muitas temporadas, a superfície deforma a imagem como o tempo age na figura de todos nós.

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